quarta-feira, 23 de março de 2011

Dilema dos artistas emergentes


Cangaceiros

É preciso alertar os artistas iniciados que é absolutamente normal a avassaladora  ansiedade que nos domina,  terminar um quadro vira uma verdadeira obsessão, muitas vezes prejudicando o acabamento da nova obra.

O dilema do artista pouco conhecido é uma espécie do complexo de vira-lata, devido a pressão para que se venda os primeiros quadros a preço de banana, deixando a sensação de inferioridade que pode durar bastante.

Quem trabalha e se envolve com arte sabe que fazer o diferente costuma ser o maior diferencial para caracterizar o artista emergente, é difícil ser autêntico, mais é preciso ser você mesmo, quase autista no que se refere a criação.  Assim você aparecerá, podendo até chocar...

Se almeja as alturas, será preciso identidade e autenticidade, imediatamente após o domínio mínimo da técnica. Desenvolva sua própria técnica e poderá ser único no mundo.

A necessidade as vezes nos leva a vender um quadro por qualquer preço, é pena que nenhum artista seja imune a isso, no início somos mesmo vendedores de bananas...

As dificuldades que temos a superar são semelhantes aqueles dos recém formados que não conseguem emprego pela falta de experiência e não tem experiência por não conseguir emprego.

Não há outro conselho possível do que ser  paciente como os monges e obstinados , perseverantes como  famintos predadores. Precisamos expor e nos expor , ficar conhecidos. Imagine só deixar para sempre um legado para humanidade.

O artista é o diferente do comum e ao mesmo tempo simples e puro o bastante para perceber o que ninguém captou antes...

sexta-feira, 4 de março de 2011

A Arte é egoísta

Ânsia de Luz
   Quero falar sobre o egoísmo da Arte, em particular da pintura.

    Quem lida com a Arte encontra mesmo um mundo complexo e desafiador.
    A tela branca, aparentemente tão singela, na verdade é mítica, atraí e muitas vezes nos esgota por completo, é como uma prisão preventiva e temporária.
    Já vi artistas sorrindo e chorando parados na frente das suas telas.
    Ainda não chorei ao pintar, mas já chorei observando o resultado de um quadro bem terminado. Sorrir é sempre mais fácil e conveniente para alma.
    O Artista se isola do mundo durante a execução de sua obra, a tal ponto que acaba se isolando de si mesmo. Pobre de seus amores que não entendem sua lógica , o criticam e quase sempre o abandonam.
    A Arte faz emergir a criatividade e a excitação pictórica, contudo suga ao extremo a liberdade das coisas mundanas e materiais.
    Parece que o egoísmo da arte não permite aos artistas conhecerem plenamente o lado material da vida e o vil metal, definitivamente parece que não se pode ser abastado.
   Que a Arte é espiritual e espiritualizante eu não tenho dúvida, ela mata a carne com tudo que pode, pelo odor da tinta e dos solventes, pelo desgaste físico e mental que deixamos em cada obra pronta.
   No fundo ficamos encravado nas obras que produzimos, somos obrigados a ceder nossos os filhotes, os quadros, quando nascem, as vezes ainda nem desmamados.
   Usamos secante para acelerar um processo que começa na mente e termina na tela.
   Arte é aquela mulher sedutora e bem egoísta, que nos impõe o alto preço da entrega completa, que nos exige lealdade extrema, muitas vezes até a morte.